sábado, 28 de abril de 2012

O "destratamento" da dengue nas filas de hospitais


Foi notícia na última quinta, dia 26/04, no jornal O POVO, um dos de grande circulação na capital cearense: "Atendimento a pacientes com sintomas de dengue lotam hospitais em Fortaleza". Complementando a manchete estava a notícia: "Só no Hospital da Unimed, o número de casos confirmados cresceu mais de 1000%". Tanto o dado (hospitais lotados) como o número (1000% em um único hospital) se não assustam ao menos deveriam assustar. Se os hospitais, inclusive os particulares estão lotados, significa que eles não tem condições de atender a demanda dos pacientes por mais que os gestores dessas instituições digam o contrário. Com o menor distúrbio sazonal que seja no número de doenças estoura-se a capacidade de atendimento do sistema de saúde e lotam-se as filas de espera. E quando se trata de dengue, quadro que exige muito repouso, não faz o menor sentido que alguém passe 3 horas ou mais esperando atendimento. O hospital que deveria ser espaço para buscar cura no fim das contas acaba por ajudar a agravar o quadro da doença. É claro que a imensa maioria dos pacientes não será internada, aliás nem existem leitos suficientes para isso. Eles simplesmente falarão com um médico, farão um exame de sangue, e aguardarão o resultado para em seguida serem orientados a voltar pra casa, descansar, beber muito liquido e em caso de surgimento de sintomas mais graves voltar urgentemente para o hospital. Alguns serão orientados a voltar no dia seguinte e depois no dia seguinte e depois mais uma vez, enfrentando mais e mais filas, substituindo descanso por stress, picadas de agulhas e medo, muito medo da evolução para o quadro hemorrágico.

Outro aspecto da superlotação dos hospitais é obviamente a pressão para atender o mais rápido possível o que via de regra tende a provocar atendimento de má qualidade, cansaço excessivo nos profissionais de saúde, erros médicos, impaciência e atritos entre paciente e médicos e enfermeiros. E mais uma vez o hospital se torna ambiente não de cura mas de aflição e conflito.

E tem jeito pra isso? Claro que tem. Mas não com o atual sistema de saúde onde hospitais públicos convivem com particulares e planos de saúde rondam homens e mulheres em busca de lucro como abutres ao redor de carniça fresca. Muito menos será possível enquanto a conta saúde pública for sempre o primeiro lugar na lista do corte do orçamento pelo governo. Até lá, vamos de uma praga a outra, de uma endemia ou epidemia a outras e de um sistema de saúde ruim para um ainda pior.

domingo, 22 de abril de 2012

Em Alagoas, usou nariz de palhaço perto do governador vai preso por "anarquia" #QuemMandaSouEu


O cara da foto aí é o coronel Nascimento. No último dia 19, ao deter um jovem que estava com nariz de palhaço em uma manifestação no município de Palmeira do Índio em Alagoas, o coronel sintetizou o que é democracia com a frase "Quem manda sou eu e acabou-se". Isso mesmo. O coronel explicava pros jovens que eles poderiam ficar no local, mas sem faixas e sem nariz de palhaço, afinal "isso aqui não é anarquia, isso aqui é de-mo-cra-cia". Quando o detido tentou dizer que ele achava que o coronel estava enganado no conceito de anarquia, Nascimento arrematou explicando que enquanto o jovem "não acha o que é e o que não é, quem manda sou eu e acabou-se". E está devidamente explicado e esclarecido o que é democracia. Alguma dúvida?

sábado, 21 de abril de 2012

Os privatistas de antes parabenizam os privatistas de hoje #PTPrivatista

O video está na conta do YouTube e no blog do deputado federal Fernando Ferro do PT de Pernambuco. Após a intervenção do deputado tucano paulista Antonio Carlos Mendes Thame o petista pede a palavra para "responder" ao "nobre colega". O tucano conta que esteve junto com seus comparsas do DEM e do PPS no aeroporto de Brasília para inaugurar placa comemorativa da primeira grande privatização petista e em tom permanente de ironia elogia a postura do PT em passar a privatizar mesmo que com o que ele chama de 10 anos de atraso. Fernando Ferro em sua resposta diz que "as evoluções acontecem na política". Repito: "as evoluções acontecem na política". Ou seja, o PT de fato adotou o ideário privatista tucano e isso é uma evolução. Com diferenças, como ressalta o deputado pernambucano, mas uma evolução. Para encerra sua fala, Fernando Ferro ainda convida o tucano a filar-se ao Partido dos Trabalhadores. Definitivamente, PT e PSDB se merecem.

A melhor forma de ajudar os pobres (#charge de @LaerteCoutinho1)


Aquele que desconhece a verdade (Bertold Brecht)


sexta-feira, 20 de abril de 2012

Dois anos da morte de Zé Maria do Tomé no cordel de Jorge Macêdo #impunidade

No dia 21 de abril de 2010 morreu José Maria Filho, o Zé Maria do Tomé, liderança popular da região do Limoeiro do Norte, assassinado com 25 tiros pelos bandidos do agronegócio do Vale do Jaguaribe, no Ceará. Passados dois anos os assassinos e seus mandantes seguem livres e impunes.

Aqui prestamos nossa homenagem com o cordel de Jorge Macêdo, poeta e cantador popular dessa região sofrida onde a justiça dos ricos é feita a bala e a luta dos pobres é feita com bravura, suor e sangue.

ZÉ MARIA DO TOMÉ
Um exemplo de luta por seu povo

Terras manchadas de sangue
Injustiças confirmadas
Indignação e luto
Levantes e barricadas
São capítulos do histórico
De vidas prejudicadas

Com tantas desigualdades
Atos torpes e tiranos
O poderio econômico
Contra os valores humanos
Dá pra ver que pouca coisa
Mudou ao longo dos anos

Os defensores do povo
São sempre desprotegidos
Ignorados por muitos
Facilmente perseguidos
Mesmo com todos impasses
Nunca se dão por vencidos

A fúria da violência
Oprime a dignidade
Muitas investigações
Não esclarecem a verdade
Daí os crimes se ocultam
Nas trevas da impunidade

Já são inúmeros casos
Impunes, Infelizmente
Não se conta quantos líderes
Foram mortos cruelmente
Por que defendiam o povo
A terra e o meio ambiente

Na chapada do Apodi
Numa ação premeditada
Zé Maria do Tomé
Foi morto numa emboscada
Crime horrendo que deixou
A região abalada

Complementando o relato
Do assunto em que prossigo
Tenho uma lista de exemplos
Confira agora comigo
Por que quem defende o povo
Vive em constante perigo

Lembra Antônio Conselheiro?
Religioso que quis
Ver os pobres sertanejos
Numa vida mais feliz
Deu-se o maior genocídio
Da história do país

Chico Mendes outro mártir
O maior dos seringueiros
Defendendo a Amazônia
Vida digna aos companheiros
Tornou-se inimigo e morto
Por ordem dos fazendeiros

Alagoa Grande sente
A falta de Margarida
Que tombou assassinada
Em frente a sua guarida
A gana dos usineiros
Veio ceifar sua vida

Padre Jósimo Tavares
Foi mais um dos brasileiros
Que já tombaram na mira
Das armas dos pistoleiros
Porque não era a favor
Da ganância dos grileiros

Irmã Dorothy no Pará
A Santa missionária
Parou a sua missão
Em uma ação sanguinária
Dos que não querem nem deixam
Fazer a reforma agrária

Ainda têm muitos outros
Que eu poderia falar
Mas deixo pra outra vez
Porque eu vou retornar
Ao caso de Zé Maria
Nosso líder popular

Foi José Maria Filho
Um exímio ser humano
Nascido a quatro de outubro
De sessenta e cinco o ano
Na pequena Quixeré
No Vale Jaguaribano

O povoado serrano
Berço natural de Zé
Pertence a dois municípios
O distrito de Tomé
Uma parte é Limoeiro
E a outra é Quixeré

Casou com dona Lucinda
Mulher de um espírito forte
Mas na tragédia sentiu
A dor de um profundo corte
Ainda hoje lamenta
Sua sina e sua morte

Zé era pai de família
Duas moças e um menino
Márcia que é a mais velha
Soluçou em desatino
Juliane, adolescente
E Gabriel bem pequenino

Com apenas cinco anos
Na orfandade se cria
O pequeno Gabriel
O xodó de Zé Maria
Ainda chora e pergunta
Pelo seu pai todo dia

Veio de família humilde
Neto e filho de operário
Ainda jovem tomou
O mais nobre itinerário
Pois além de agricultor
Foi líder comunitário

Zé passou a ser a voz
Dos conterrâneos sofridos
Nos movimentos de base
Nos protestos reunidos
Combatendo as injustiças
No grito dos excluídos

Enfrentando sacrifício
Rompendo dificuldade
Zé queria o bem comum
Para coletividade
Das setecentas famílias
Da sua comunidade

Era também presidente
De uma associação
Naquela comunidade
Estava sempre em ação
Reivindicando melhoras
Para toda a região

Lutava sempre a favor
Dos sem-terra desgarrados
Trabalhadores rurais
Pobres desapropriados
São pessoas que não têm
Seus direitos respeitados

Pedia escola, saúde
Assistência e moradia
E das casinhas de taipa
O nosso líder queria
A substituição
Por casas de alvenaria

Era o guardião do povo
Do Tomé e região
Os problemas se agravaram
Depois da irrigação
Mas Zé Maria lutava
Em busca de solução

Passou a denunciar
O uso indiscriminado
De diversos agrotóxicos
Num projeto mal falado
Que estava deixando em muito
O povo prejudicado

Pois as substâncias químicas
Sendo assim não fazem bem
Porque envenena o solo
E o sub-solo também
Se continuar assim
Não vai escapar ninguém

Pulverização aérea
Este é o grande mal
Pois o alvo não é só
Os insetos do local
Por que se espalha no vento
E atinge o povo em geral

Zé Maria combatia
O uso de inseticida
A vida a cima do lucro
É a norma preferida
Mas as empresas preferem
O lucro acima da vida

Houve um projeto de lei
Contra a pulverização
Mas quem detém o poder
Domina até sem razão
Da lei que estava aprovada
Fizeram a revogação

A lei era de autoria
Do edil Eraldo Holanda
Mas num confronto de força
A maioria comanda
Atendendo aos interesses
Da outra parte que manda

Assim a população
Continua condenada
A se banhar com veneno
Que despejam na chapada
Em vez de água potável
Beber água envenenada

Em estudos levantados
Pela Universidade
Federal do Ceará
Dizem ter em quantidade
Substância venenosa
Nociva à comunidade

Depois de várias pesquisas
No campo e nas residências
A médica Raquel Rigotto
Constatou as evidências
Da água contaminada
E as graves consequências

Então está comprovado
Zé Maria estava certo
Protestava porque era
Mais audaz e mais esperto
E sentia as ameaças
Desse perigo de perto

Foi mais uma das bandeiras
Que Zé Maria empunhou
Austero, mas coerente
O tempo todo lutou
Lhe custou a própria vida
Mas seu exemplo ficou

Era vinte e um de abril
Do ano dois mil e dez
Aparece o seu carrasco
Com o pior dos papéis
Eliminar sua vida
Com as formas mais cruéis

Duas e meia da tarde
Horário em que Zé Maria
Voltava de Limoeiro
Na moto que possuía
Agonizou baleado
Na margem da rodovia

Sofreu vinte e cinco tiros
O defensor da chapada
Foi erguido um monumento
Na beira daquela estrada
Um marco memorativo
No local da emboscada

O luto cobre a família
Seus amigos e parentes
A morte de Zé Maria
Provocou lágrimas pungentes
Coincidiu com a data
Da morte de Tiradentes

Foi mais um assassinato
Extremamente brutal
Que repercutiu até
Na mídia internacional
Além do amplo destaque
Em toda imprensa local

Até hoje ninguém disse
De onde foi que partiu
Esse desfecho macabro
Que o nosso herói sucumbiu
Impera a lei do silêncio
Ninguém sabe, ninguém viu

Aos quarenta e quatro anos
Quase que precocemente
Zé Maria deu a vida
Pela vida de uma gente
Que só exige o direito
De viver condignamente

Vamos usar o bom senso
Pra ver se o mal se afasta
Vamos dar fim esta guerra
Que há tanto tempo se arrasta
De perseguição já chega
De violência já basta

Ambientalista nato
Amigo da ecologia
Seus ideais estão vivos
Descanse em paz Zé Maria
Não vamos arrefecer
Os seus sonhos hão de ser
Realizados um dia

#Mafalda brincando de liberdade (tirinhas)


quarta-feira, 18 de abril de 2012

Nos Estados Unidos criança negra é algemada por agir como criança #racismo (via @OGlobo_Mundo)


Aconteceu em Milledgeville, na Georgia. A pequena Salecia Johnson de 6 anos foi retirada algemada da sala de aula por jogar livros e brinquedos para o alto no que se está chamando de "acesso de raiva". O motivo da ação da menina não foi revelado. O assunto é matéria do O Globo e pode ser lido aqui.

Segundo a polícia a ação teria sido necessária para impedir uma "tentativa de agressão ao diretor e danos à propriedade da instituição de ensino". Dá pra acreditar? Uma criança de seis anos algemada por jogar livros para o alto? Como diz a advogada dos direitos civis que entrou com uma ação contra a escola e o departamento de polícia: "As crianças estão sendo presas por serem crianças."

Esse não é o primeiro caso em que crianças são detidas nas escolas dos Estados Unidos. Salta aos olhos é claro o fato da pequena Salecia ser uma menina negra em uma cidade sulista, onde os casos de racismo ocorrem aos montes. Mas o caso também dá sinais do nível de desintegração do modelo educacional estadunidense. São os próprios professores e diretores de escola os primeiros a chamar a polícia para intervir na escola na primeira "tentativa de agressão" promovida por qualquer criminosozinho de seis anos de idade. Até quando o povo negro estadunidense vai aguentar é uma excelente questão a se levantar.

domingo, 15 de abril de 2012

Itália: onda de suicídios como resposta à crie econômica. #italianrevolution #criseEconomica


Tal como na Grécia, cresce a onda de suicídios como resposta à crise econômica. A notícia é da AFP e foi veiculada pelo portal Terra nesta sexta-feira, dia 13 de abril. A notícia ganha relevância justo quando o desemprego na Itália atinge o nível recorde de 9,3% da população economicamente ativa. Os suicídios tem se apresentado como saída desesperada tanto para operários desempregados como para empresários falidos e endividados. Um dos casos que tocou o país foi o do pedreiro de 58 anos que no final de março ateou fogo ao próprio corpo dentro de um veículo em frente a uma repartição de finanças em Bolonha. Ele deveria comparecer a uma audiência de julgamento por não ter pago 104 mil euros em impostos e multas. Estando desempregado, sem perspectivas e podendo ser condenado por "fraude fiscal", imolou-se, sendo hospitalizado com graves queimaduras, vindo a falecer nove dias depois. O portal da Euronews tem um pequeno video sobre o assunto feito antes da morte do pedreiro (veja aqui).

O quadro é grave e somente será resolvido pela classe operária, seja com sua submissão, seja pela revolução. Na primeira morrerão muitos operários. Na segunda, seus algozes.

Salário mínimo pelo mundo: uma pequena comparação

Havia feito essa pesquisa no início do ano logo quando foi anunciado o aumento de 14% do salário mínimo brasileiro, o que correspondia a mais R$ 2,50 por dia aos assalariados. Não a refiz desde então, mas considero que ainda vale a pena divulgá-la. Os dados são de janeiro desse ano e permitem comparar o mínimo brasileiro com outros 11 países, 4 da América do Sul, seis da Europa além dos Estados Unidos.

Os R$ 622,73 brasileiros correspondiam no período a algo em torno de 333 dólares americanos, sendo o menor mínimo entre os 12 países listados. A Irlanda teria o maior mínimo entre os países comparados, seguida da França, Reino Unido e os Estados Unidos. Todos mais de 3 vezes maior que o brasileiro.

É claro que a comparação é muito difícil na medida em que US$ 956,00 na Grécia ou US$ 830 na Espanha que estão no epicentro da crise econômica mundial podem representar um valor talvez até equiparado aos nossos 333. Seriam necessários mais dados como custo de vida, inflação e seguridade social para conseguirmos ter uma comparação mais próxima da realidade. De toda forma não deixa de ser interessante colocar o olho de mínimo brasileiro com o de outros países como a própria Argentina ou Venezuela, que não estão no centro da grande turbulência econômica pela qual passa o mundo, e ainda assim são maiores que o nosso.

Independente da comparação o que é indiscutível é que o mínimo é mísero. Discorda? Pois sustente sua família com um e depois nos conte como conseguiu.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

O voto de 50 páginas de Marco Aurélio Garcia. #afavordavidadasmulheres #AnencefaliaSTF

Neste 11/04/2012 o Supremo Tribunal Federal abriu a votação sobre a interrupção de gravidez de fetos anecéfalos. O primeiro voto foi o de Marco Aurélio Garcia que demonstrou um profundo conhecimento do ministro sobre o caso ou no mínimo um sério empenho em apresentar um voto embasado.

Abaixo publico o texto que também pode ser lido diretamente aqui.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Duas mulheres morrem de parto por semana no Ceará (via @opovoonline)


Está na edição do jornal O POVO desta segunda-feira. O artigo, assinado por Mariana Lazari, dá conta que enquanto a organização mundial de saúde considera aceitável a taxa de óbito de 20 mulheres a cada 100 mil partos, em 2010 o índice de Fortaleza foi de 46,8 e o do Ceará de 76,1. O índice de 2011 ainda não estaria disponível mas é certo que o número de mortes de mulheres aumentou, em 2010 foram 98 mortes maternas, enquanto que no ano passado foram 104 mortes.

Este não é um quadro novo e é conhecido das autoridades e governantes que por sua vez seguem sucateando o sistema de saúde pública e por sua vez autorizando o assassinato de mais e mais mulheres.

Leia a matéria completa aqui.

Pacote para a indústria do governo Dilma (charge de @nanihumor)


Excelente a charge do Nani sobre o pacote de proteção da indústria do governo Dilma. Mais charges do Nani aqui.

sábado, 7 de abril de 2012

Em Limoeiro do Norte, interior do Ceará, administrar é sinônimo de retirar direitos dos servidores #TodoApoioGreveDosServidores

Meu bom companheiro Reginaldo Araújo de Limoeiro do Norte me mandou uma nota dos servidores públicos municipais de Tabuleiro do Norte em greve contra os ataques da prefeitura municipal do PMDB, base aliada do governo Dilma e também do governo estadual de Cid Gomes do PSB.

Colo aqui a nota e presto meu apoio aos servidores da região.

JUDAS TRAIU JESUS E O PREFEITO E CINCO VEREADORES TRAÍRAM OS SERVIDORES

O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Tabuleiro do Norte, vem mais uma vez, tornar público a toda sociedade as injustiças e arbitrariedades cometidas contra os servidores desse município.

O Senhor prefeito, num ato de profundo desrespeito, enviou para a Câmara Municipal nos últimos anos, vários projetos de lei retirando direitos dos servidores. O primeiro projeto foi na reforma da Lei Orgânica, onde os servidores perderam muitos direitos, o segundo diz respeito ao Estatuto dos Servidores, cuja aprovação representou um grande retrocesso para a classe trabalhadora desse município, na medida em que retirou direitos históricos conquistados com muita luta. O terceiro, na área da educação, acaba com a redução de carga horária para aqueles professores que tem mais de 20 anos de trabalho. Projeto esse que ele próprio sancionou no ano da última eleição. E agora os servidores públicos deste município sofrem mais um ataque em seus direitos, quando o prefeito, com o apoio da presidente da Câmara Municipal e dos quatro vereadores que lhe dão sustentação aprovaram um projeto de lei que destrói o Plano de Cargos e Salários do Magistério acabando com a carreira dos professores. Esse plano arquitetado pelo executivo, em conchavo com o legislativo para retirar direitos dos trabalhadores representa um retrocesso na política, pois esta já é a quarta vez que esta administração retira direitos.

Os servidores, desde o primeiro momento, tentaram reverter essa situação através do diálogo, tanto junto ao prefeito, como aos vereadores, mas, os mesmos, convictos da “missão” que tinham a cumprir - a retirada de direitos - não deram ouvidos aos apelos dos trabalhadores.

Assim como Naurides Gadelha, quando era presidente da Câmara e decretou normas de fazer inveja aos Atos Institucionais do período da ditadura, a presidente Lindalva que em sessões anteriores havia dito que a casa era do povo, na sessão do dia 30 de março realizou o absurdo procedimento de identificação das pessoas para entrar na “casa do povo” e chamou a policia para intimidar os trabalhadores que lutavam para manter seus direitos.

A história se repete e os servidores ainda não esqueceram a traição dos vereadores e agora véspera da semana santa, eles fizeram o mesmo que judas fez com Jesus, traíram o povo, embora os trabalhadores tenham usado a tribuna, se manifestado de forma pacífica e pedido o apoio daqueles que se dizem representantes do povo para que mediassem a negociação entre o prefeito e a categoria. Sem nenhum pudor, os vereadores da situação, votaram neste projeto e destruíram o sonho que representou uma luta de mais de vinte anos, demonstrando mais uma vez, apenas compromisso com os interesses dos poderosos em detrimento dos direitos dos trabalhadores. O descumprimento de leis por parte do prefeito resultou em mais uma greve, pois os servidores estão lutando para garantir os direitos já adquiridos.

Essa atitude por parte do gestor municipal, com o respaldo destes vereadores, demonstra claramente a falta de compromisso com o povo e com a educação, pois mais uma vez servidores da educação e os alunos, principalmente os filhos dos trabalhadores, sofrem as consequências de uma má administração que vê a educação como gasto e não como investimento.

Agradecemos a população e aos pais a compreensão ao movimento grevista e aos três vereadores que< se posicionaram a favor dos trabalhadores.

FUNCIONÁRIO PÚBLICO NÃO É BANDIDO, NÃO PRECISA DE POLICIA, PRECISA DE DIGNIDADE E RESPEITO! NEGOCIAÇÃO JÁ!!!

Ponho fim à minha vida para não ter que vasculhar o lixo para sobreviver #GreekRevolution


"O governo de Tsolakoglou aniquilou toda possibilidade de sobrevivência para mim, que se baseava em uma pensão muito digna que paguei por minha própria conta sem nenhuma ajuda do Estado durante 35 anos. E dado que minha idade avançada não me permite reagir de outra maneira (embora se um compatriota grego pegasse uma kalashnikov, eu o apoiaria) não vejo outra solução que por fim a minha vida desta forma digna para não ter que terminar vasculhando as latas de lixo para sobreviver. Creio que os jovens sem futuro pegarão algum dia em armas e colocarão de cabeça para baixo os traidores deste país na praça Syntagma, como os italianos fizeram com Mussolini em 1945."

Com essa carta em um de seus bolsos, o farmacêutico aposentado de 77 anos, Dimitris Christoulas suicidou-se com um tiro na cabeça em frente ao parlamento grego, no último dia 04 de abril. Suas últimas palavras em forma de um grito teriam sido "Não quero deixar dívidas aos meus filhos".

O Tsolakoglou da carta de Dimitris é uma referência à Gerorgios Tsolakoglou, primeiro ministro colaboracionista que governou a Grécia entre 1941 e 1942 durante a ocupação nazista. A citação é uma clara comparação com o papel que cumpre o atual governo de Lucas Papademos, como colaboracionista da UE e do FMI às custas dos direitos e da própria vida dos trabalhadores gregos.

A carta e a atitude do velho farmacêutico é sem dúvida emblemática. Mostra entre outras coisas o sentimento do povo grego do papel anti-popular que cumpre o governo Papademos e a falta de perspectiva de uma saída coletiva por mais que esteja presente a vontade de "pegar em uma kalashnikov" e "colocar de cabeça para baixo os traidores do povo grego". E sem perspectiva coletiva, a saída grega segue sendo a alternativa individual do suicídio cujos índices aumentam mês após mês no país.

Leia mais no blog:

sexta-feira, 6 de abril de 2012

"Eles reduziram as nossas pensões...nós não podemos permitir mais isto. Eles querem que a gente se suicide". #GreekRevolution


A afirmação é de Fotis Siakaras, uma das lideranças dos trabalhadores portuários gregos, que marcharam nesta sexta-feira, dia 06/04, até a sede do Banco Central grego em protesto contra a nova fórmula de cálculo das pensões dos portuários, parte do pacote de austeridade do governo, que retira direitos da categoria. Siakaras diz que o caminho de austeridade adotado é o caminho do suicídio.

Veja o video do canal EuroNews no YouTube.

Desmond Tutu: "Se você é omisso em situação de opressão..." #DeQueLadoVocêEstá

domingo, 1 de abril de 2012

Pelo fim do primeiro de abril de 1964. Pelo direito à verdade. #DesarquivandoBR


Há exatos 48 anos, em primeiro de abril de 1964, as forças armadas brasileiras aplicaram um golpe militar e derrubaram o governo democraticamente eleito de João Goulart, vice de Jânio Quadros, que renunciara em 1961. Daquele primeiro de abril até o ano de 1985 o Brasil foi governado por militares. Foram 21 anos de ausência do chamado "estado democrático de direito". E sim, o dia foi de fato primeiro de abril. Exatamente na data mundialmente conhecida como dia da mentira ou dia dos bobos. E com aquele primeiro de abril vieram várias e várias mentiras, entre elas, que não houve golpe e sim uma "revolução" para salvar o país de um "governo comunista" e, acredite se quiser, teria acontecido um dia antes, em 31 de março, e não no dia da mentira.

E como não poderia deixar de ser, muitas outras mentiras acompanharam os governos militares, e depois deles os inúmeros governos civis, que um após o outro se negaram a deixar a verdade vir à tona. Todos os governos militares conspiraram, perseguiram, torturaram, mataram, desapareceram com corpos, e para acobertar seu atos, mentiram, mentiram e mentiram. Nenhum dos governos democráticos pós 85, fossem de aliados de sempre da ditadura ou de antigos opositores, fizeram um único movimento concreto e real para que chegasse ao fim aquele fatídico dia da mentira que nunca acabou. E se não se dá o direito da verdade florescer o que de fato se alastra, ganha força, voz e vez é a desgraçada mentira de sempre. Não é a toa que o exército brasileiro teve a coragem de escrever esta nota em outubro de 2004, em pleno governo Lula:
1. Desde meados da década de 60 até início dos anos 70 ocorreu no Brasil um movimento subversivo, que atuando a mando de conhecidos centros de irradiação do movimento comunista internacional, pretendia derrubar, pela força, o governo brasileiro legalmente constituído.

À época, o Exército Brasileiro, obedecendo ao clamor popular, integrou, juntamente com as demais Forças Armadas, a Polícia Federal e as polícias militares e civis estaduais, uma força de pacificação, que logrou retomar o Brasil à normalidade. As medidas tomadas pelas forças legais foram uma legítima resposta à violência dos que recusaram o diálogo, optaram pelo radicalismo e pela ilegalidade e tomaram a iniciativa de pegar em armas e desencadear ações criminosas.

Dentro dessas medidas, sentiu-se a necessidade da criação de uma estrutura, com vistas a apoiar, em operação e inteligência, as atividades necessárias para desestruturar os movimentos radicais e ilegais.

O movimento de 1964, fruto de clamor popular, criou, sem dúvidas, condições para a construção de um novo Brasil, em ambiente de paz e segurança.
O fato ocorreu por ocasião da divulgação de fotos do jornalista Vladmir Herzog, assassinado nas dependências do Exército, em São Paulo, no dia 25 de outubro de 1975. Para acobertar o assassinato os assassinos mentiram falando que Herzog se enforcara. Quarenta anos depois quando fotos mostrariam um suposto Herzog nu e humilhado em uma cela, a nota oficial mentiu descarada e desrespeitosamente moldando a história a seu bel prazer. É verdade que houve um segunda nota depois se retratando de tamanha agressão à memória do povo brasileiro. Mas como mais uma vez ninguém foi punido, a mentira seguiu lá, à espreita, aguardando o momento certo de se espalhar novamente. E a verdade... continuou desaparecida.

Passados sete anos da nota seguida de retração, uma nova nota, essa não diretamente do comando do Exército, mas dos clubes militares, entoou:
Há quarenta e sete anos, nesta data, respondendo aos reclamos da opinião pública nacional, as Forças Armadas Brasileiras insurgiram-se contra um estado de coisas patrocinado e incentivado pelo Governo, no qual se identificava o inequívoco propósito de estabelecer no País um regime ditatorial comunista, atrelado a ideologias antagônicas ao modo de ser do brasileiro. 
(...) 
Os Clubes Militares, parte integrante da reação demandada pelo povo brasileiro em 1964, homenageiam, nesta data os integrantes das Forças Armadas da época que, com sua pronta ação, impediram a tomada do poder e sua entrega a um regime ditatorial indesejado pela Nação Brasileira.
Agora em 2012, durante o governo de uma ex-guerrilheira que combateu a ditadura, os amantes e seguidores da mentira se sentem à vontade não só de espalhá-la como comemorá-la, como fizeram os clubes militares este ano, com direito a salto de para-quedas e solenidade em Clube Militar. E como quem de direito nada faz, cada vez mais eles se sentem mais e mais fortes.

Mas 2012 já foi diferente. Mais uma vez o governo nada fez. Os arquivos continuam confidenciais. Os mentirosos celebram e seguem livres. Mas a verdade meio que se fez ouvir pelo grito rouco daqueles que ousaram estar presente àquela festa de 29/03 e que apesar dos choques, cacetetes e bombas, puderam gritar "TORTURADOR" contra cada um daqueles bandidos. Os meus sinceros parabéns aos que organizaram o 29/03/2012. Que ele possa ser o início do fim do 01/04/1964.

Pelo direito à nossa história.
Pela abertura dos arquivos confidenciais da ditadura.
Pela punição aos torturadores.
Pela reparação das vítimas dos governos militares.
Pelo fim do primeiro de abril de 1964.

Arte sobre foto de oficiais da reserva relembrando a "revolução" de 1964.
Este texto faz parte da quinta blogagem coletiva do #desarquivandoBR