sexta-feira, 25 de maio de 2012

Porque sou contra a #marchadasvadias

A marcha das vadias que acontece nacionalmente neste dia 26 de maio praticamente é reivindicada por todos os setores da esquerda brasileira e rechaçado obviamente por todas as matizes e espécies de direitosos de plantão. Aos poucos a manifestação vem se tornando um divisor de águas. É contra a marcha? É de direita. É a favor dela? É de esquerda. A coisa é tão de um jeito que é cada vez mais comum ver perfis de militantes e ativistas de organizações socialistas como o PSOL e até mesmo do PSTU reivindicando o evento. Bem, não sou a favor da marcha e sou daqueles que pode se dizer que são de esquerda sem nenhuma concessão. E me permitam, ou não, não me somarei ao coro dos que chamam a fortalecer essa iniciativa como se ela tivesse o mesmo caráter da marcha da maconha ou das marchas do dia do orgulho gay. Não enxergo assim. E vejo na verdade com tristeza, o 8 de março ser esvaziado em especial de conteúdo, enquanto a marcha ganha força.

A primeira sluts walk ocorreu ano passado, 2011, no Canadá e teve como motivação a justa e necessária resposta à forma como a polícia vinha tratando os inúmeros casos de abuso sexual na Universidade de Toronto. O policial Michael Sanguinetti indicou como forma de combater a violência, que "as mulheres evitassem se vestir como vadias para não serem vítimas". Como resposta a essa declaração nojenta e absurda, 3000 pessoas ocuparam as ruas de Toronto com cartazes reivindicando, digamos assim, "o direito de ser vadia". Rapidamente várias outras marchas foram ocorrendo mundo afora e em 2012 chegam agora à sua segunda edição.

Antes de mais nada é fundamental condenar e combater qualquer argumento que responsabilize a vítima pela violência sofrida por seu agressor. Estupidez da estupidez do estilo "se você se veste como vadia deve ser tratada como uma vadia". Nunca uma roupa, maquiagem, postura, ou modo de agir, pode ser considerada como um convite do tipo "sou toda tua, me pegue e me come agora". Combater essas ideologia imunda é sim uma tarefa de todos aqueles que se dizem de esquerda.

Agora uma coisa é combater duramente as ideias e argumentos machistas e até mesmo achar justa a marcha canadense de 2011. Outra coisa é passar a defender o "orgulho de ser vadia" porque a sociedade machista chama de vadia mulheres que defendem o direito à liberdade sexual. Ora essa, a sociedade racista chama negros de "neguinhos de merda" e gays de "aberrações sexuais" e nem por isso, negros e gays precisam ou muito menos devem agitar o "orgulho de ser um 'neguinho de merda' ou de ser uma 'aberração sexual'". É absolutamente sem sentido exportar a marcha canadense de 2011 para fora de seu contexto no espaço e no tempo.

Mais estranho ainda é afirmar a busca irrefreável pela liberdade sexual como uma das bandeiras fundamentais da esquerda. Isso não é assim. Pelo contrário, ela é via de regra uma reivindicação de classe-média, ou para os mais marxistas, uma reivindicação pequeno-burguesa. Nada melhor do que ler o que escreveu Clara Zetkin sobre Lênin e o Movimento Feminista para perceber isso. Nas notas de seu diário a comunista alemã relata sua conversa com o revolucionário russo onde entre outros assuntos ele versa sobre a obsessão do movimento feminista alemão sobre a questão da sexualidade.
Desconfio daqueles que estão absorvidos constante e obstinadamente com as questões do sexo, como o faquir hindu com a contemplação do próprio umbigo.

Parece-me que essa abundância de teorias sexuais, que não são em grande parte senão hipóteses arbitrárias, provém de necessidades inteiramente pessoais, isto é, da necessidade de justificar aos olhos da moral burguesa a própria vida anormal ou os próprios instintos sexuais excessivos e de fazê-la tolerá-los.

Esse respeito velado pela moral burguesa repugna-me tanto quanto essa paixão pelas questões sexuais. Tem um belo revestimento de formas subversivas e revolucionárias, mas essa ocupação não passa, no fim das contas, de puramente burguesa.
É preciso dizer algo mais?

Diante da divisão que já citei que ou se é de esquerda ou se é contra a marcha das vadias, prefiro ficar com Lenin, Clara Zetkin e as mulheres trabalhadoras, sendo de esquerda e contra a marcha.

34 comentários:

  1. É um debate interessante esse que vc propõe. É certo que o movimento tem um lado bastante positivo, no sentido que organiza as mulheres PARA LUTAR CONTRA OPRESSÃO.
    Entretanto, tenho a impressão do nome MARCHA DAS VÁDIAS, extremamente infeliz, porquanto, parece aceitar os esteriótipos machistas, como você coloca. Por um outro lado, o nome pode ser uma provocação aos machistas...Vou levar ao 'Movimento Mulheres em Luta', do qual o PSTU é parte, este debate.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Adriano,

      Que bom que você deixou uma comentário aqui no blog. Fico muito grato por sua contribuição.

      Bem... não tenho dúvida que o nome é uma provocação aos machistas mas honestamente não considero como o instrumento correto para unir mulheres e homens na luta por uma sociedade nova. Principalmente se se entende que essa sociedade nova passa pelo protagonismo fundamental da classe operária.

      Se estamos tratando do feminismo clássico sexista e pequeno-burguês a marcha faz todo sentido de ser como é. Se estamos falando da necessidade de construção de um movimento forte das mulheres como dizia Lenin à Clara Zetkin, creio que na verdade, ela jogue contra. Não é pedindo às mulheres operárias, aquelas que estão nas fábricas e canteiros de obras, que se identifiquem como "vadias" (ainda que com o sentido irônico) que se conseguirá organizá-las.

      Agora se o interesse é organizar estudantes universitárias e os ditos setores médios femininos, pode até ser que esse seja um bom caminho.

      No fim das contas o movimento se movimenta dizendo que fez alguma coisa contra a violência contra as mulheres mas acaba por se afastar de quem verdadeiramente pode dar um basta na opressão machista da qual se alimenta o capitalismo: as mulheres trabalhadoras.

      Quando vejo gente do PSOL defendendo a marcha eu lamento mas até entendo. Quando vejo gente do PSTU fazendo isso eu honestamente me preocupo.

      Bem, essa é só uma opinião de um trosko sem partido.

      Abraços e mais uma vez muito grato pelo comentário.

      Excluir
  2. A ideia do nome é realmente irônica. Pretende-se ressignificá-lo. A luta proposta pela marcha é por uma vida livre da violência de gênero (não tem a ver só com a liberdade sexual). O patriarcado e o machismo consideram vadias todas as mulheres que desviam, mesmo minimamente, do papel reservado a elas. Contestou, defendeu firmemente uma opinião, é livre no exercício de sua sexualidade, não aceita os gracejos de desconhecidos, rebate falas machistas, é 'muito' independente, então é vadia. Não acho que seja uma bandeira da esquerda. É uma bandeira de mulheres e homens que entendem os estereótipos de gênero impostos pelo patriarcado, ultrapassados e sem sentido. Uma parte da esquerda também abraça a causa. A esquerda machista e que compartilha a opressão feminina com os conservadores, claro, é contra. Considerar questões de interesse feminino como questões pequeno-burguesas ainda hoje, é desejar muito, manter sob os sapatos (vermelhos, por que não?) os pescoços femininos.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Cora,

      Obrigado por comentar no blog. Percebi que será difícil o diálogo com você porque imagino que esteja muito envolvida com a marcha tal como ela é. É normal. As vezes lemos a primeira vista algo e logo nos armamos na defesa daquilo que cremos e amamos. É normal.

      Mas mesmo sendo difícil vou tentar até porque fez a gentileza de deixar aqui o comentário. Vamos lá:

      1. Concordo com você que a sociedade machista não tolera mulheres que contestam. Aliás ela não tolera contestações sejam de homens ou de mulheres, mas como a sociedade precisa da opressão para melhor explorar a intolerância contra as mulheres será sempre mais dura do que sobre homens.

      2. Concordo também com você que a "marcha da vadias" não é de esquerda e que alguns que se dizem de esquerda a abraçaram.

      3. Concordo que é um erro considerar como pequeno-burguesas questões de interesse feminino. Absurdo dos absurdos.

      4. Infelizmente (ou não) tenho que discordar da sua linha de raciocínio que deixa a entender que a esquerda ou é a favor ou é "machista e que compartilha a opressão feminina com os conservadores". Considero reducionista essa visão. Existem muitas matizes de cores do que simplesmente o preto e o branco nesse debate.

      Creio que não vamos ter acordo porque onde enxergo classes sociais aparentemente você enxerga somente mulheres e homens machistas. Onde enxergo o capitalismo você enxerga somente um de seus pilares dele que é o patriarcado.

      Faço votos para que iniciativas como a marcha das vadias não contamine o movimento feminista de classe e que um setor forte seja capaz de levantar as bandeiras de mulheres como Clara Zetkin, Alexandra Kolontai, Domitila Chungara, ao invés de optar pelos sutiãs queimados, seios desnudos, gritos e cartazes. Faço votos para que as mulheres trabalhadoras consigam encontrar o caminho da boa luta e sejam capazes de construir um movimento de mulheres verdadeiramente forte que varra do planeta a opressão. Até lá o que vejo é que o machismo seguirá alimentando as fornalhas da sociedade capitalista.

      Abraços e mais uma vez obrigado por comentar no blog.

      Excluir
  3. Obrigada pelo retorno.

    Por que você acha que o diálogo comigo será difícil? Penso que não fui grosseira nem agressiva, apenas discordei de você.

    Eu não disse que toda esquerda é machista ou defende a opressão das mulheres. Existem muitas pessoas de esquerda que são, sim, machistas. E, como você mesmo ressaltou em seu texto, não consideram que demandas femininas sejam relevantes. Quer dizer, tem outras questões mais importantes pra esquerda se preocupar, do que essa preocupação frívola com o sexo (como se a questão fosse realmente essa).

    O mote da marcha é o combate à violência, tanto a real, quanto a simbólica. Ninguém, na marcha, defende “o direito de ser vadia” nesse sentido de vulgar ou sujo ou sem respeito, bem ao gosto do machismo. A apropriação do nome carrega consigo todos os comportamentos femininos classificados como “de vadia”: emitir opiniões com convicção, não abaixar a cabeça para gracejos de desconhecidos, contestar falas e atitudes machistas, confrontar homens, dizer não, ser assertiva, ser segura e independente, exercer sua sexualidade sem neuras... pra uma mulher ser chamada de vadia, não é necessário nenhum comportamento específico, nenhuma roupa específica. Basta ser mulher e ter atitudes que a difiram de um capacho, como diria Rebeca West. É neste sentido que mulheres resolvemos nos apropriar e ressignificar esse termo. Mais ou menos como o que aconteceu com o termo “queer”, que deixou de ser pejorativo.

    Olhar pra esta marcha e entendê-la apenas como busca irrefreável pela liberdade sexual é reducionista. O que as mulheres buscamos é o fim do controle e do julgamento do corpo e do comportamento femininos.

    E isso interessa a todas as mulheres. De todas as classes sociais, uma vez que a violência contra a mulher não escolhe classe social pra se manifestar. O machismo e a opressão atingem a todas, notadamente as mais pobres.

    Entendo que a marcha ainda não é compreendida pela maior parte da população. Ela ainda está restrita aos grupos mais politizados e informados. Mas, à medida que seja cada vez mais debatida, mais e mais pessoas compreenderão seus propósitos e perceberão sua importância.

    E acho que é o capitalismo que alimenta as fornalhas do machismo. É muito interessante pro capitalismo manter um exército de consumidoras tentando de todas as formas adequar-se ao padrão de qualidade, ops, de beleza, imposto às mulheres.

    E esse padrão só pode ser mantido sob o machismo. Eliminemos os padrões de comportamento baseados em gênero, e toda a lógica capitalista em relação aos sexos desmorona. (já reparou q agora tem até salgadinho pra meninas e meninos? A embalagem das meninas é rosa!! Pro mesmo produto!!!).

    Capitalismo alimentando o machismo.

    E outra coisa que notei, você tende a demonizar o corpo feminino. Quer dizer, o corpo da mulher deve sempre ser escondido, do contrário, por que a preocupação com seios desnudos? E qual o problema com gritos e cartazes? Manifestações não são feitas de palavras de ordem e cartazes? Por que não esta?

    E se você puder esclarecer, o que seria esse caminho da boa luta? A pergunta é séria, não é uma provocação.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Vou me concentrar em suas perguntas até porque enxergo que elas esclarecem nossas diferença. Vamos lá.

      1. Por que você acha que o diálogo comigo será difícil? Penso que não fui grosseira nem agressiva, apenas discordei de você.

      De fato não foi. Mas um diálogo pressupõe falar e escutar. Dependendo do quanto estamos envolvidos com um tema não nos dispomos muito a ouvir, nem muito menos escutar. Podemos estar tão convencidos de nossa posição que tudo o que estamos dispostos a fazer é desmontar o argumento do outro. O que eu disse é que tinha tido a percepção de que seria difícil dialogar com você porque imaginei que estaria "muito envolvida com a marcha tal como ela é". Entende? Ainda acho que você está tão convencida de que está no caminho certo e que via de regra meus argumentos sempre tenderão ao machismo. Então minha posição nessa tentativa de diálogo será sempre difícil.

      2. ...você tende a demonizar o corpo feminino. Quer dizer, o corpo da mulher deve sempre ser escondido, do contrário, por que a preocupação com seios desnudos?

      Não acredito nos seios desnudos como forma efetiva de luta contra a violência. Daí a igualar isso a "demonizar o corpo feminino" é bem diferente. Esse tipo de comparação é a mesma coisa que dizer que ser contra a marcha é ser machista. Não demonizo nem santifico, nem o corpo do homem, nem o da mulher. Não acredito os seios femininos desnudos assim como meu peitoral ou minha bunda à mostra seja uma forma eficaz de lutar contra a violência ou por mais direitos.

      3. E qual o problema com gritos e cartazes? Manifestações não são feitas de palavras de ordem e cartazes? Por que não esta?

      Nenhum problema com gritos e cartazes, aliás os adoro, assim como adoro bandeiras e faixas. Só os considero insuficientes e inócuos quando colocados no todo da marcha. O problema não está na arma mas em como se utiliza dela e contra quem se aponta. A marcha como vejo aponta para a "sociedade patriarcal" que é o mesmo que apontar para todos e para ninguém.

      4. ...o que seria esse caminho da boa luta?

      O caminho da boa luta é o que identifica o real inimigo. A marcha enxerga a sociedade do ponto de vista da classe média até porque ela é majoritariamente compostas por pessoas da classe média. Isso não quer dizer que são as pessoas mais informadas. De forma alguma. A classe média tem suas reivindicações que do ponto de vista feminino são fundamentalmente o direito a seu próprio corpo e que se pode ler na maioria dos cartazes que são apresentados em todo o país. E olhando de onde olham será muito difícil entender qual das fornalhas é alimentada (a do capitalismo ou a do machismo) e quem a alimenta. A luta por liberdade é todo dia, mas não haverá como consegui-la sem entender que quem se alimenta do machismo é o capitalismo. Você olha para os salgadinhos para meninas e meninos e enxerga os estereótipos do masculino e do feminino sendo comercializados. Eu enxergo os trabalhadores que produzem esses salgados que em grande parte são mulheres que não tem onde deixar seus filhos porque não existem creches, são assediadas por seus chefes e supervisores, ganham salários mínimos ridículos, trabalham jornadas exaustivas muitas vezes em pé, sofrem com a dupla jornada e moram em bairros violentos.

      É preciso identificar os verdadeiros grilhões que acorrentam e coisificam as mulheres em todo o mundo.

      E o que é o capitalismo em nosso país? Como faço para apontar minhas baionetas contra ele? Onde está o alvo? Nosso primeiro alvo está nos gerentes da banca. Os governos. Que no Brasil, olhe que medonho, é uma mulher. Não há como reduzir a jornada de trabalho, exigir salário mínimo decente e creches, redução da jornada com geração de emprego digno, salário igual para trabalho igual, construção e aparelhamento de abrigos suficientes, sem enfrentar o governo federal, sem enfrentar a presidenta Dilma. Essa é a boa luta que Zetkin, Kollontai e Domitila souberam identificar em seus países e em seu devido tempo.

      Mas aí imagino que nossas diferenças irão às alturas.

      Abraços

      Excluir
  4. Primeiro dizer Parabéns pelo texto....muito dificil um homem fazer a critica aos métodos feministas....isso mesmo aos métodos! Esse diálogo é tão tático, mas não merecedor de desprezo. Ao contrário....o que mais me preocupa neste movimento, é a ausencia de criticas aos agentes do capitalismo e patriarcalismo....nem parece que estamos em um país governado por uma mulher que desde sua campanha fez questão de rasgar bandeiras histórica do mov feminista, como: a "carta ao povo de deus"; fez aliança com setores ultra conservadores(religiosos)que querem continuar usando a mulher como objeto sexual e mão-de-obra barata; auxilio(bolsa) pra quem gera filhos sem nenhuma educação sexual ao contrário estimulando o gerar filhos inconsequentemente em troca de dinheiro; uma presidente que nada faz contra o tráfico de mulheres, ao contrário estimula o turismo sexual com jogos da copa; nada faz para aumentar as casas abrigos para as vítimas de violência-domestica; em resumo: que movimento é esse que responsabiliza o patriarcado e capitalista como se fossem esses todos os homens do planeta levando a uma divisão sexista ao extremo, ao invés de fazer o movimento contrário UNIR A CLASSE TRABALHADORA....os objetivos podem estar claros na cabeças de algumas porém a marcha não abre diálogo mas imposições a liberdade sexual apenas...."pelo meu direito de ser como são os homens(galinhas)"????? Não é essa minha leitura, MAS É ESSA LEITURA DE QUEM PASSA PRÓXIMO A MARCHA, E ISSO EU SOU CONTRA!!! NEM TODA IRONIA É VÁLIDA, SE NÃO SERVIR PRA ESCLARECER A CLASSE TRABALHADORA A QUEM SERVE ENTÃO????

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado pelo comentário INTI FADA. Aliás estava sentido falta dele. :)

      Gritos e cartazes de "Queremos liberdade" sem identificar os grilhões que roubam a liberdade não passam de palavras ao vento. Identificado o inimigo se pensa a melhor forma de destruí-lo.

      A marcha das vadias não enfrenta o verdadeiro inimigo das mulheres trabalhadoras. Na verdade ela desvia a atenção e divide ainda mais a luta das mulheres.

      Excluir
  5. Acho que o autor não está muito informado sobre a Marcha no Brasil. Não existe um "orgulho de ser vadia". A questão é simples: se ser vadia é fazer o que acha certo, se vestir como quiser, então as mulheres estão se colocando como vadias. O questionamento é que se a sociedade quer chamar de vadias as mulheres que são livres sexualmente, então que chamem, elas não ligam para isso, estão ressignificando o termo.
    Vejo que o autor caiu na armadilha do nome da marcha. A intenção é justamente criar esse desconforto e fazer as pessoas pensarem sobre. Seu post ainda guarda bastante machismo e visão estreita.

    É como se você estivesse dizendo: "Aí meu Deus que nome feio esse de vadia". Esquecendo todo o simbolismo e crítica em torno.

    Desculpe a sinceridade.

    ResponderExcluir
  6. Acho que o autor não está muito informado sobre a Marcha no Brasil. Não existe um "orgulho de ser vadia". A questão é simples: se ser vadia é fazer o que acha certo, se vestir como quiser, então as mulheres estão se colocando como vadias. O questionamento é que se a sociedade quer chamar de vadias as mulheres que são livres sexualmente, então que chamem, elas não ligam para isso, estão ressignificando o termo.
    Vejo que o autor caiu na armadilha do nome da marcha. A intenção é justamente criar esse desconforto e fazer as pessoas pensarem sobre. Seu post ainda guarda bastante machismo e visão estreita.

    É como se você estivesse dizendo: "Aí meu Deus que nome feio esse de vadia". Esquecendo todo o simbolismo e crítica em torno.

    Desculpe a sinceridade.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Luan,

      Obrigado por deixar seu comentário e também pela sinceridade. Fique a vontade para exercê-la. Entendo que você acredite que estou desinformado ou que caí na armadilha. É sua visão. Eu por outro lado acredito que você não entendeu o texto. Seu outro comentário sobre "a classe trabalhadora não existir" inclusive confirma isso. Tal como Cora e tantos outros, está tão envolvido e apaixonado na marcha tal como ela é que a única que lhe vem a mente é que todos que criticam a marcham é machista, ignorante, estreito, etc.

      Você enxerga a resignificação da palavra "vadia" como uma bela batalha a ser dada. Que pena. Eu enxergo que o movimento perde tempo e energia nesse tipo de batalha. A marcha serve para confrontar a "sociedade" e o "patriarcalismo" e deixa de lado o enfrentamento necessário com quem pode tomar medidas concretas e reais que são os governos.

      Abraços

      Excluir
  7. Ah, que classe trabalhadora é esse que vocês tanto falam? Ela existe? Acho que só na cabeça de vocês.
    Ser homem e ver as mulheres lutando contra a hegemonia do sexo masculino deve ser ruim para os que ainda acham que o problema é só o capital.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Luan,

      Dependendo de onde se esteja enxergando é de fato difícil enxergar a classe trabalhadora Luan. Mas é exatamente essa classe trabalhadora que você, nem muito menos boa parte da marcha não enxerga, que produz toda a riqueza e não tem direito a ela. Está exatamente na classe o maior número de mulheres agredidas e usurpadas de seus direitos no dia a dia.

      Para mim, não é ruim ver mulheres lutando contra a hegemonia do sexo masculino Luan. É ruim vê-las sem lutar contra o verdadeiro inimigo que é exatamente o capital que você chama de "só".

      Abraços e mais uma vez obrigado pelo comentário.

      Excluir
    2. Verdadeiro inimigo para quem cara pálida? Você é que tá dizendo que o "capital" é o verdadeiro inimigo. Saiba que o inimigo para muitas não é o capital, mas o marido trabalhador que dorme na mesma cama, o namorado trabalhador que bate nela, o trabalhador que paga pelo seu corpo, o trabalhador que estupra, o trabalhador que a chama de vadia porque não quis ficar com ele, ou porque transou na primeira noite, etc, etc.
      Vamos sair dessa imposição de pautas: "o verdadeiro inimigo, a verdadeira luta, a verdadeira emancipação". Não existe hierarquização de lutas companheiro. As lutas culturais são tão válidas, e na minha concepção as vezes até mais válidas, que as lutas econômicas. Eu vejo mais coisas mudar no âmbito cultural do que no âmbito econômico. E pra melhor.
      Quem somos nós pra dizer qual pauta é a melhor ou correta. Cada um sabe o que é melhor pra si. Nosso papel é mostrar que existem outras formas de pensar e de viver em coletividade, e não impor nossa cartilha.
      O capital meu amigo, é só uma ferramenta utilizada por quem o tem. A hegemonia cultural é algo muito mais potente e destrutivo. É contra isso que se luta numa marcha como a das Vadias.

      Excluir
    3. Marcos,

      Eu não falo de capital. Eu falo de capitalismo. Enxergo que homens e mulheres tal como são hoje, são fruto de um sistema de coisas e valores que é o capitalismo. O capital é só uma dessas coisas e pode seguir existindo para além do sistema atual. São coisas diferentes.

      Bem... você acha que é possível reformar o mundo com e torná-lo tolerável. Eu acredito que é preciso fazer a revolução.

      Vemos o mundo diferente. Eu do ponto de vista de uma classe social com quem aprendi a conviver e respeitar. Você de outro ponto de vista que nem sequer enxerga as classes sociais. Paciência.

      Boa sorte em suas lutas. Mas honestamente e sem provocações faço votos para que elas assim como seus resultado te façam mudar de opinião.

      Abraços

      Excluir
    4. Lhe falta um pouco de visão histórica do problema, me desculpe. Os homens e mulheres de hoje não são frutos do capitalismo, ele só tem papel nisso a uns 200 anos. Antes disso, existiram uma série de processos sociais e culturais (diga-se desde os gregos) que nos criaram como seres sociais. Enfim.
      Diferente do que você pensa, acredito na revolução, mas não acho que ela vá chegar tão rápido e nem somente através de pautas econômicas que no fim das contas são somente paliativos, como você quer com relação à Marcha das Vadias.
      Para finalizar: é impressionante que você não consegue perceber que o que se está fazendo com as Marchas é ressignificar o termo vadia, mas você só percebe a questão moral da coisa. Vou lhe dar um outro exemplo: na Bolívia, os hoje auto-intitulados povos originários, da década de 70 em diante, passaram a ressignificar o termo índio, que antes era extremamente perjorativo, era como chamar de "lixo", diferente do termo no Brasil que significa mais um "bom selvagem" para alguns, ou apenas inculco para outros. Porque será que eles fizeram isso? Perceberam que esse termo os unia contra a segregação étnica que sempre existiu na Bolívia. Na época, as organizações comunistas de viés trotskista, leninista, maoísta e stalinista, trataram esse processo com despreso, como você faz agora. Mas esses grupos "revolucionários" sempre trataram os índios como inferiores enquanto não fossem trabalhadores, operários, e ainda assim, trabalhadores de segunda classe por sua condição étnica. Da mesma forma acontece agora, com as mulheres. Elas querem ressignificar o termo vadia e dizer que se a sociedade quer chamar de vadia as mulheres que são livre pra fazer o que bem entendem, inclusive a revolução, que chamem, elas não se importam. Querem que vadia seja sinônimo de mulher livre, não de mulher desqualificada.
      Um pouco de história meu caro, não faz mal a ninguém. Melhor a gente parar de idealizar os outros. Essa tal classe operária que você diz não existe como você pensa, ela é muito mais fragmentada e "deformada" do que quer ver sua vã teoria "revolucionária". Se todo trabalhador fosse revolucionário, não estaríamos mais no capitalismo.
      A pauta colega, é a liberdade. Do trabalho, da sexualidade, do vestir, do se portar, do comer, do viver. E vamos consegui-la de diversas formas, não só empunhando cartazes com "Abaixo o capitalismo", nem só fazendo greve (que atualmente só serve pra aumentar salários e ficar mais no meio do capitalismo).

      Só uma última coisa: no dia que você conhecer alguma mulher que sofreu violência, não sinta nojo dela, e peça que ela monte uma marcha contra o capitalismo, porque foi ele quem estuprou, não o estuprador com consentimento da moral sexual da sociedade.

      Boa sorte nas lutas. Eu espero que você reflita só um pouco sobre tudo isso. Não quero que você faça concessão no seu ser de esquerda, muito pelo contrário. Gostaria que você qualificasse seu ser de esquerda. Também sou de esquerda, mas não sou dogmático.

      Abraço.

      Excluir
    5. Luan,

      Lhe falta paciência para ler o que escrevo ou boa vontade para entender. Não vou pedir para que releia porque simplesmente acredito que você não se permitirá entender. Pelo que percebi até agora está além da sua vontade. O que você está fazendo é exatamente o que eu disse que faria, tentar encontrar argumentos para refutar o que digo, sem de fato sequer tentar entender.

      Vou tentar pontuar.

      1. As relações sociais que mantemos hoje são fruto do que o sistema social vigente nos impõe. O que surgiu nos velhos sistemas de poder e se mantém até hoje agora faz parte do capitalismo. Não é pra ser difícil de entender mas é preciso querer entender.

      2. O que você chama de "somente pautas econômicas" eu chamo de direitos e os nomeio como fiz em minha resposta à Cora. Por que? Porque não há como libertar a mulher sem acabar com a dupla jornada, o salário mínimo de fome, a falta de creches, a falta de abrigos, o salário desigual para o salário igual, o assédio moral e sexual, entre tantos outros males, sem enfrentá-los do ponto de vista econômico. Esses são os grilhões da maioria das mulheres do mundo. Não são os grilhões da mulheres de classe média nem da burguesia. Os dessas são tão somente o direito ao corpo sem sofrer violência verbal ou física.

      3. Sobre o dar outro significado ao termo vadia com a grande bandeira das mulheres o considero de fato não só um desperdicio de tempo e energia. Não quero resignifar o termo "mulato" ou "moreninho", quero que ele não seja usado contra mim e nem quero ser olhado com olhos diferentes e discriminado por meu tom de pele . Não acho correto o movimento LGBT fazer a "marcha do viadinho" porque a sociedade assim os chama. O movimento gasta força nisso e deixa de enfrentar o governo que pode tomar as medidas concretas para melhora a vidas das mulheres. Ele aponta para todos e ninguém com seus cartazes "meu corpo, minhas regras" e não aponta para Dilma e os demais governantes, porque ele vê o mundo a partir dos olhos da classe média.

      4. E quem disse que a classe trabalhadora não é dividida. E por acaso as mulheres são todas unidas como um único movimento? Pelo contrário, se o gênero une as mulheres, as diferenças de classe as dividem de forma irreconciliável.

      5. Nunca disse que se deveria gritar "abaixo o capitalismo". É tão ineficaz como o "abaixo o patriarcalismo" da marcha das vadias. Vou reescrever o que disse para Cora:
      "E o que é o capitalismo em nosso país? Como faço para apontar minhas baionetas contra ele? Onde está o alvo? Nosso primeiro alvo está nos gerentes da banca. Os governos. Que no Brasil, olhe que medonho, é uma mulher. Não há como reduzir a jornada de trabalho, exigir salário mínimo decente e creches, redução da jornada com geração de emprego digno, salário igual para trabalho igual, construção e aparelhamento de abrigos suficientes, sem enfrentar o governo federal, sem enfrentar a presidenta Dilma."

      6. Quer dizer que porque sou contra a marcha tenho nojo de mulheres que sofreram violência. Ou seja, não só sou machista, como sou masco. Sinto muito que você enxergue o mundo dessa forma tão ridícula. Sobre convidá-las a colocar os seios de fora e participar de uma marcha pra resignifcar o termo vadia com certeza não farei. Por outro lado lutarei para que haja mais abrigos, empregos decentes, o fim do trabalho doméstico e da dupla jornada para que ela possa ter condições materiais de estar longe de seu agressor. Sem essas medidas o combate a violência é mera retórica.

      Obrigado por suas contribuições. Elas me ajudaram bastante a me dar mais certeza nas minhas.

      Abraços

      Excluir
  8. olá,
    Acho interessante que proponha a discussão. Porém por ser mulher e saber que nós mulheres, somos o resultado do olhar do outro, por que ocupamos o lugar de objeto na sociedade e não de sujeito, o termo vadia aprisiona e delimita, como o termo puta e uma série de outros que não necessitam ser citados, a marcha se chamar marcha das vadias tem sentido sim, por que esvazia o termo vadia. A mulher se coloca como sujeito não por revindicar o direito a liberdades sexuais, como colocado em seu texto, mas pelo esvaziamento do termo e para ocupar o lugar daquele que olha e denomina, o sujeito, e sair da condição daquele que é olhado e denominado, o objeto. Vadia ? Puta ? Quando a mulher se apropria dessas terminologias ela deixa de termer o olhar/julgamento do outro que delimita a identidade.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Photos,

      Obrigado por deixar seu comentário.

      Na verdade o esvaziar o termo vadia não é o motivo fundamental para eu ser contra. Sou contra sim o dar um novo significado ao termo assim como sou contra que o movimento negro tente fazê-lo com termos racistas e gays façam com termos homofóbicos. Mas se o centro é exatamente esse que você diz aí é que considero perda de tempo e energia.

      O movimento simplesmente diz "me aceite como sou" e o faz de forma que não só não une as mulheres como afasta boa parte delas em especial as mais pobres. O movimento das 'vadias' é praticamente composto por jovens estudantes universitárias, algumas de suas mães e setores femininos da classe média.

      A demanda pelo resignificado da palavra "vadia" não moverá as donas de casa. Elas precisam do fim do trabalho doméstico. Ela não moverá as mães mais pobres (a maioria das mães), elas precisam de creche. Ela não moverá as operárias, elas precisam de salário igual, fim do assédio no trabalho, aumento do salário mínimo. Não moverá também as vítimas de violência, elas precisam de abrigos e leis mais duras contra o agressor.

      Fundamentalmente sou contra que a esquerda abrace essa bandeira. Por que? Porque coloca para primeiro plano a luta por uma palavra (como você diz) ou por liberdade sexual (como aparenta) e deixa de lado a luta contra os grilhões da maioria das mulheres que significa exigir e enfrentar os governos de plantão, que no nosso caso é o governo Dilma. Mas isso, o movimento feminista via de regra não está disposto a fazê-lo.

      Abraços e mais uma vez obrigado por seu comentário.

      Excluir
  9. Obrigada, mais uma vez, pelo retorno.

    Nem sei se estou assim tão envolvida. Apenas acho esse movimento válido, e não o considero limitador ou impedidor de outras formas de luta. Pode parecer q não estou disposta a ouvir, mas não sou assim tão fechada. E poderia dizer o mesmo sobre vc, não? Quer dizer, sobre estar envolvido com um tema. Minha posição tb é difícil, pois vc tem certeza q estou no caminho errado e vc, no certo. Eu, pra ser sincera, não tenho essas certezas. Não faço ideia de qual seja o caminho certo. Perguntei só pq poderia ter soado grosseira, mesmo sem ter tido essa intenção.

    Qto aos seios desnudos, salientei esse ponto pq temos, no brasil, um problema com a nudez feminina, q é hipersexualizada (o corpo feminino é hipersexualizado). Vide a cobertura sobre a marcha nos principais portais. Assim, compreendo o motivo de terem optado por esta forma de manifestação (e acho, inclusive, importante q tenham feito).

    (arrependida de ter usado "demonizar" pq foi o gancho para a igualmente terrível "santificar". Nada pior do q a dicotomia puta/santa)

    A hipersexualização do corpo feminino é uma forma muito eficiente de opressão, pois atinge 100% das mulheres, 100% do tempo.

    Repare q essas mulheres foram criticadas por todo mundo. Homens e mulheres, machistas e feministas, conservadores e progressistas, direita e esquerda, religiosos e ateus... enfim, todo mundo. E pq? O corpo feminino, quando aparece fora de contexto (= atender ao/estar a serviço do olhar masculino), é considerado ofensivo!! E deve, claro, estar devidamente escondido.

    Como assim, ofensivo??

    Em países menos machistas, a nudez feminina é encarada com mais naturalidade. Acredito q avançar nesse aspecto seja importante tb. Por isso, qdo vc (e pessoas como vc), politizado e informado, fala sobre a nudez feminina como crítica, me lembra como estamos ainda longe de mudanças q considero importantes e fundamentais.

    Entendo o q vc quer dizer sobre o verdadeiro adversário e do perigo de, no final das contas, alimentá-lo. Corremos esse risco. Mas ainda acho q as lutas não são excludentes. E mais, a questão da violência contra a mulher é urgente e pode ser combatida através do esclarecimento. Tanto do esclarecimento da mulher, quanto do homem, quanto das autoridades, q se sentem pressionadas a não deixar pra lá. Qdo uma mulher sabe q o q o supervisor na fábrica faz é abusivo ela tem força e respaldo pra denunciar. Ela pode sentir-se amparada, pois essa questão está sendo debatida de forma mais ampla. É um erro ver a marcha apenas como apelo ao direito ao próprio corpo. A questão é a violência sexual, verbal ou simbólica. E, novamente, isso interessa a todas as mulheres.

    A marcha é da classe média? Sim, por enquanto sim. Mas seus efeitos podem chegar até a mulher trabalhadora.

    Uma das formas de combater a violência e a discriminação é através da educação. Se mulheres e homens passam a questionar-se sobre o q estão ensinando e como estão criando seus filhxs, algo pode mudar efetivamente.

    Da mesma forma, se esta marcha servir de gatilho pra debates escolares.

    Machismo e capitalismo se retroalimentam no brasil. Atacar o capitalismo é uma boa luta. Atacar o machismo, também. E veja q o machismo pode ser muito aplacado mesmo mantendo-se esse sistema econômico. E a mulher pode continuar sendo oprimida e sendo vítima de violências, mesmo sob outra forma de organização político-econômica. Quer dizer, debater sobre a questão feminina no brasil, é uma luta q pode e deve acontecer junto, mas também independente da luta contra o capitalismo.

    Enxergar os estereótipos e combatê-los é importante pra interromper-se o círculo vicioso da opressão. Diferenciar meninos e meninas em tudo e desde tenra infância é o primeiro passo pra perpetuar-se toda ação discriminatória de gênero.

    A continuarmos machistas, não haverá sistema político-econômico q resolva, per se, esta questão.

    A marcha não é perfeita e não resolverá nada por si mesma. Mas não acho q seja tão perniciosa assim.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Cora,

      Obrigado por seu comentário, que aliás gostei bastante. Fico contente de constatar que estava enganado sobre a dificuldade do diálogo com você.

      Primeiro vou retomar o tema da nudez. Não tenho problema sobre os corpos desnudos sejam de homens ou de mulheres. Agora depende pra quê, entende? Via de regra não gosto de jogos de cena. De coisas que aparentam estar fazendo uma coisa, quando na essência não é isso que estão fazendo. Não acredito que exibir os seios numa manifestação diminuirá um milímetro que seja a violência que sofrem as mulheres. E isso não tem a ver só com o uso do corpo.

      O que mais desejo é que seja varrida da face da terra toda a opressão. E estou convencido de que é impossível vencê-la sem destruir o sistema social que se alimenta dela. É preciso destruir o capitalismo. Mas se alguém sai na rua sem mais nem menos com a placa "abaixo o capitalismo" posso até achar bonitinho mas também vou achar uma verdadeira tolice. Por que? Porque na aparência é revolucionário. Na prática não é. Na prática é tão patético quanto os profetas do fim do mundo com suas placas do "Juízo final está próximo".

      A revolução ou será feito por centenas de milhares, ou não será feita. E centenas de milhares não lutarão por acreditarem em Marx, Engels, Lenin e Trotsky por mais que eu concorde com todos eles. Elas lutarão por pão, por paz, por terra. Encontrar as bandeiras que moverão essas centenas de milhares é uma verdadeira arte.

      Se quero acabar com a violência contra as mulheres o que preciso fazer? Preciso dirigir minhas baionetas contra aqueles que verdadeiramente podem fazer que a violência cesse. Preciso gerar emprego pleno com salário digno, preciso de creches públicas e escola em tempo integral para os filhos dessas mulheres, preciso de abrigos equipados em quantidade suficiente, preciso de leis que punam com rigor todo assédio e toda violência, preciso de restaurantes e lavanderias públicas, preciso mudar as condições materiais que fazem do homem um agressor e da mulher a vítima. Preciso acabar com a dependência da maioria das mulheres a seus maridos e companheiros. Não se faz isso sem se enfrentar com o governo.

      A marcha conseguirá levantar essas bandeiras tendo como tarefa primeira a batalha por uma resignificação da palavra que lhe dá nome? Não consigo crer por mais que honestamente eu tente. Ela conseguirá transpor sua barreira de classe com o tempo? Partindo de onde partiu, acho muito, muito difícil e sendo assim não creio que deveríamos investir nossas forças no caminho que não aproxima as mulheres mais exploradas e oprimidas, as trabalhadoras, as operárias, as donas de casa.

      É preciso lutar contra o machismo? É indispensável. Mas as vezes as aparências enganam. Pensamos que estamos fazendo uma coisa e no fim das contas não estamos. Lutar contra o machismo hoje no Brasil, mais do que fazer a marcha das vadias, é fazer marchas que exijam medidas concretas de uma mulher: a presidenta Dilma.

      É isso que é o centro de minhas posições que inclusive tentei deixar mais claro no meu segundo e por enquanto último post sobre o tema. Aliás não deixe de criticá-lo.

      Termino por aqui. Muito obrigado por todo o diálogo Cora. Até o próximo post.

      Abraços

      Excluir
  10. Obrigada pelo retorno, mais uma vez. E desculpe por demorar tanto pra responder, embora vc já tenha encerrado a conversa.

    (parece q, no fim das contas, vc é muito mais fechado ao diálogo do q eu.)

    Entendi seu ponto de vista já desde a outra mensagem, sobre a necessidade de destruir o sistema opressor. A questão que eu vejo é essa: como destruir? Porque não avançarmos através das rachaduras que vão surgindo?

    Não consigo entender como que qualquer luta que balance o sistema, ainda que não o derrube, pode ser mais nociva do que luta nenhuma. Como pedir às mulheres que esperem até a derrubada do sistema e a vitória final pra que se acabe com a violência cotidiana contra ela? Como que simplesmente rechaçar um movimento e criticá-lo do mesmo modo como a direita o está fazendo, apenas por identificá-lo como de classe média, ajuda sua luta revolucionária?

    Esse movimento, de fato, não fará a revolução que vc espera. Não é este o propósito dele. E também não impedirá nada. As lutas podem coexistir. Meu ponto é justamente esse. Não é pernicioso e nem limitador. Ainda acho um tanto preconceituoso, principalmente pq vc, ou vê apenas a questão do nome (como se a questão fosse de fato essa), ou vê apenas a afirmação sobre o corpo. Mas, como vc disse da outra vez, nunca concordaremos.

    E só pra fechar a questão da nudez: é evidente q em um protesto não há a menor necessidade de exposição do corpo, nem por homens e nem por mulheres. Acontece q, neste protesto, neste contexto, a nudez feminina tinha um sentido bastante claro. Sentido q, por mais q vc não concorde, poderia ter reconhecido como legítimo. Mas, ao mesmo tempo q rechaça tão veementemente a marcha por identificá-la como de classe média, compartilha com a ala conservadora dessa mesma classe média e com os setores mais reacionários da sociedade, o (pré)conceito contra o corpo feminino e contra as reivindicações femininas. Foi este o ponto que me incomodou na sua crítica. Ver argumentos reacionários na boca de um revolucionário de esquerda.

    Por isso eu digo que, nesta luta, as mulheres estão, de fato, sozinhas. Nunca pudemos contar com a direita (óbvio) e, muito menos, com a esquerda (não tão óbvio). Uma pena, sem dúvida.

    Até outros posts.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Cora,

      1. Não encerrei a conversa e até admiti que estava enganado sobre o diálogo possivelmente ser difícil contigo (pelo menos até aquele momento). Na verdade te convidei a visitar outro post sobre o mesmo tema onde organizo minhas posições a partir dos comentários neste post.

      2. Sim, você já havia entendido sobre a questão de combater o capitalismo. Só que nossa diferença segue sendo em como. Pensei que tinha deixado claro minha posição sobre isso. Não acredito na resignificação como bandeira pro que quer quer seja.

      3. Não acredito que a marcha balança ou balançará o sistema. Não peço que as mulheres esperem pelo fim do sistema para enfrentar a violência, o que digo é EXIJAM MEDIDAS DO GOVERNO e mais que isso O ENFRENTEM. A definição das classes sociais que compõem um movimento é pedra fundamental para pelo menos tentar entender o caminho que ele tende a trilhar.

      4. Não vejo apenas o nome, pelo contrário, tento examinar a composição social, as principais bandeiras e a forma de manifestação. Isso é fundamental porque inclusive deixa claro que esse movimento NÃO SE ENFRENTARÁ com quem pode tomar medidas concretas contra a violência que é o governo de plantão. Pelo contrário, o governo elogia a marcha e a marcha agradece e se envaidece.

      5. Não tenho preconceito contra o corpo feminino. Você que insiste nesse tema. Só acho que as mulheres mostrarem os seios ou os homens mostrarem as bundas não são formas efetivas de luta. Não consigo imaginar uma greve de operárias em que elas saiam com os seios de fora, ou uma paralisação de trabalhadores ou sem-terra em que eles saiam mostrando a bunda. Pra mim é uma forma de manifestação que é a cara da classe média.

      6. Que pena que você enxergue as coisas como "ou se está com a marcha ou se é de direita". Voltamos ao primeiro parágrafo do meu post: "Aos poucos a manifestação vem se tornando um divisor de águas. É contra a marcha? É de direita. É a favor dela? É de esquerda."

      Abraços e obrigado pela paciência e insistência.

      Excluir
  11. Obrigada pelo retorno, mais uma vez.

    1. Ok, você de fato não encerrou a conversa. Mas voltei a ser difícil. Pretendo retornar com um pouco mais de tempo pra falar de seu último post, sobre pornografia.

    2. Tudo bem você não concordar com a resignificação. Confesso que, por tudo que representa, acho difícil que o seja de todo. Mas, se as pessoas perceberem que todas as mulheres merecem ser respeitadas, independente da forma como são vistas, tá valendo.

    3. Precisamos avançar pelas brechas, acredito. Muitos temas importantes para as mulheres estão em pauta. É preciso fazer barulho. Nesse aspecto, acho que a luta é mesmo diferente da luta contra o sistema. Perceba que entendo que a esquerda não abrace esse movimento. Não acho que deva ou que precise fazê-lo. Volto a frisar, foram seus argumentos e a forma como você os apresentou, o que me incomodou e não exatamente você ser contrário à marcha. Ela não pretende mesmo derrubar sistema nenhum.

    4. É exatamente a forma como você vê o movimento que te aproxima dos setores reacionários. Vocês viram tudo da mesma forma. Sei que isso soa ofensivo pra você. Por isso foi surpreendente pra mim. Não esperava os tipos de argumento que você apresentou. Só isso. E não acho que, nesse aspecto das questões femininas, as reivindicações tenham que ser feitas ao governo. Não é um decreto ou uma medida provisória que mudará a forma como a sociedade enxerga a mulher no brasil hoje. Decretos nem mesmo garantirão direitos, já que precisamos do congresso pra isso. O fim da violência contra a mulher passa diretamente por uma mudança na forma como somos vistas.

    5. Insisto nesse tema, porque gostaria que você percebesse a diferença entre grevistas da construção civil e aquelas mulheres naquele dia. A diferença é imensa, mas você acha que a nudez foi usada como apelo (esse aspecto na cobertura sobre a marcha foi justamente o que me fez olhar esse movimento com outros olhos e defendê-lo tanto). Eu também não consigo imaginar uma greve de operárias em que elas saiam com os seios de fora. Da mesma forma como não consigo imaginar uma greve de operários sem camisa. Essa atitude teve razão ser naquela hora e naquele local. E foi uma atitude legítima e cheia de significados. E a falta de compreensão desse ato também é cheia de significados.

    6. Não enxergo as coisas como “ou se está com a marcha ou se é de direita”. Pensei ter deixado claro. O que eu disse é que seus argumentos e a forma como você os apresentou não diferem das críticas da direita ao movimento. Foi isso.

    Eu é que agradeço a paciência e a disposição em responder minhas mensagens. Como disse no início, pretendo voltar a visitar o seu espaço, a menos que você, definitivamente, tenha se cansado. Sou de fato insistente, mas não quero ser invasiva (talvez esteja já ultrapassando esse limite). Não gosto de (e não quero) impor minha presença, afinal, a casa é sua.

    []s

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado pelo diálogo Cora. Por um instante pareceu descambar para ser bem difícil mas gostei bastante de sua insistência e flexibilidade ao mesmo tempo.

      Fico aguardando seu comentário em meu post sobre pornografia. Sinta-se a vontade para dar uma cascaviada em outros post's sobre machismo ou que quer seja. Sua crítica é bem vinda.

      Abraços

      Excluir
    2. Obrigada pelo excelente texto. O que mais me irrita é essa defesa da ressignificação do termo vadia. Vadia, puta e prostituta são palavras próximas que uma trabalhadora que passa o dia longe dos filhos pra sustentar o marido bêbado não aceitaria. Que uma mulher que tenta arranjar um posto melhor no trabalho não aceitaria. Resumindo, se a sociedade chama de vadias mulheres que lutam por direitos iguais, que se faça a sociedade calar a boca e perceber que não somos vadias, somos mulheres. Pintar frases como "o corpo é meu" e dizer que lutam por mil e um direitos é uma mentira, se luta pela liberdade sexual e liberdade de vestimenta. Cadê alguma das "vadias" pedindo creches para as mães que trabalham o dia inteiro? Eu só vejo um bando de menininhas revoltadas querendo justificar sua liberdade sexual e sua liberdade de vestimenta. E isso não é motivo de orgulho em uma luta. Isso é a busca da justificação de uma postura particular e puramente egoísta.
      Sou mulher. Quero um salário equitativo, creche para os meus filhos, respeito pela minha mãe que trabalha. Quero ser reconhecida como uma pessoa e não como uma vagina no meio de um monte de pênis. Mas não sou vadia. Porque não existe isso de resignificar termo. Toda vadia é mulher, nem toda mulher é vadia. O sentido de uma palavra é uma coisa difícil de se mudar e perder tempo com isso é estupidez quando há mais coisas em pauta. Já ouvi mulheres dizendo que "a marcha defende que as mulheres podem fazer o que der na telha". Então os homens também podem, né? E se eles quiserem estuprar e oprimir? Esse tipo de feminismo, que muda o opressor do homem para a mulher não faz sentido. É a opressão pela opressão!

      Excluir
    3. Eu é que agradeço sua visita e o excelente comentário Dani.

      Excluir
  12. "Já ouvi mulheres dizendo que "a marcha defende que as mulheres podem fazer o que der na telha". Então os homens também podem, né? E se eles quiserem estuprar e oprimir? Esse tipo de feminismo, que muda o opressor do homem para a mulher não faz sentido. É a opressão pela opressão!"

    sério que vc achou este comentário excelente? quer dizer, achou a linha de raciocínio que levou a esta conclusão excelente?

    sério mesmo?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Cora,

      Que bom ter sua visita novamente aqui no blog e como sempre pronta para criticar. Que excelente. Seja bem vinda.

      Pra ser bem honesto, da primeira vez que li o comentário da Dani já não havia gostado da forma como ela havia concluído seu texto. Exatamente o trecho que você destacou. Só não deixei que em minha leitura ele tomasse uma proporção maior que todo o resto. Como andei muito sem tempo de cuidar do blog deste junho, me contentei em agradecer de forma rápida devolvendo a gentileza do "Excelente texto" com o "Excelente comentário" sem fazer a devida correção ao "o que der na telha" e à "opressão pela opressão".

      Eis que a brava Cora não deixa nada escapar. Mas de toda forma Cora, acho que Dani está no caminho certo embora tenha chegado ao lugar errado. Os homens JÁ FAZEM o que der na telha, JÁ ESTUPRAM, JÁ OPRIMEM, e honestamente no combate à violência e à opressão, considero inclusive aceitável que se responda com violência e até mesmo com opressão. Oprimir o opressor e sua vontade de opressão para impedir que ela se manifeste não nos torna iguais a ele. Mas esse é um assunto que guardarei para um novo post.

      Já quanto a todo o resto, do texto da Dani, devo confessar Cora, que gostei bastante.

      Abraços e obrigado pela chamada.

      Excluir
    2. Olá Giambatista,

      percebo que irrito você. Acredite, minha intenção não é essa.

      Fui impulsiva, não resisti, reconheço. Nem deveria ter voltado a este post, afinal nunca chegaremos a um acordo sobre este assunto. Você me considera difícil, mas tampouco está disposto a um novo ponto de vista.

      Não é verdade que estou sempre pronta a criticar. Estou sempre pronta a conversar com pessoas que pensam de forma diferente, mas não são preconceituosas e tacanhas. Com essas, não adianta muito dialogar. Provavelmente há muitos pontos de convergência entre nós. Mas, o interessante são os divergentes, não?

      Eu brigo, mas, creio, não me furto ao diálogo.

      O que me incomodou no comentário da Dani, foi o desconhecimento do que a marcha propõe. Por que uma manifestação de mulheres, pra ser legítima, precisa ter como foco a maternidade e o trabalho apenas? Por que buscar liberdade de ação e respeito irrestrito é visto como pauta menor, até ultrajante?

      Este movimento é bastante específico, por isso não é de esquerda, como já havíamos acordado antes. Ele também não é trabalhista. Não é sobre mães. É sobre mulher. Sobre ser mulher.

      Como ela diz, há muita coisa em pauta, inclusive o respeito à mulher. A marcha não impede qualquer outra manifestação. Não impede outras formas de luta.

      Olha só esse comentário, de homem, num post sobre a marcha: “Essa marcha não vai mudar nada, a mulher que não se der o respeito, seja pela roupa ou seja pelo comportamento, continuará a ser tratada como objeto.”

      E o mesmo homem continua: “Lembrando é claro, que nada justifica o estupro. Deveria ser punido com pena de morte. Porém, com relação a respeito, isso tem que partir das mulheres.”

      E um outro homem, no mesmo post: “Mas eu acho que as mulheres também não precisam andar pelas ruas mostrando tudo. A gente que é homem adora, é claro. Mas acho que elas perdem um pouco do seu valor natural de mulher. Precisam se dar o respeito e se valorizar mais isso é fato. Dai a roupa diz muito sim...”

      Um homem NUNCA é julgado moralmente pelas roupas que usa. Não há nenhuma violência contra homens que seja justificada por suas vestimentas ou seu comportamento (a menos que sejam homossexuais). Um homem heterossexual nunca precisa se dar o respeito. Ele tem o respeito. Ninguém contesta.

      Perceba que não estou dizendo que todas as mulheres devam andar assim ou assado. Eu, pessoalmente, faço de tudo pra não servir ao male gaze. O que é praticamente impossível, mas minimiza bastante a perturbação. Mas, ironia das ironias, sou frequentemente cobrada justamente no sentido oposto.

      A marcha tem razão de ser, é importante que a mulher se aproprie do próprio corpo, por mais que homens e muitas mulheres não entendam isso. Você e a Dani acham que isso é frescura de menininha revoltada. Ambos não compreenderam a preocupação com o corpo (e a nudez de algumas) no contexto da marcha. Eu acho fundamental, inclusive pra questão da maternidade e do trabalho. Todas as questões femininas esbarram na falta de autonomia da mulher em relação ao seu corpo e seu comportamento.

      A marcha, sozinha, não muda nada. Pode levar a uma reflexão (é o que se espera), que pode levar à mudança. Pode levar à atitudes que deixem de objetificar de forma abjeta a mulher. Se um publicitário, um executivo de tv, o diretor de clipes, o produtor, o repórter que cobre esportes, professores, pais e mães começarem a PENSAR nesses pontos e REPENSAR atitudes, tornamos certas ideias anacrônicas.

      É ingenuidade minha? Provavelmente sim, afinal, são milênios de opressão e controle. Mas, foi o acontecimento que me deu alguma esperança. Sou sempre muito pessimista.

      Excluir
    3. Você me irrita? De jeito nenhum Cora. Gosto de sua disposição para não deixar as coisas passarem em branco. Gosto de suas críticas e como disse em um comentário anterior elas são bem vindas aqui. Suas críticas funcionam como boas provocações.

      Uma curiosidade: Você cita comentários em posts. Em qual blog?

      Excluir
  13. Peço desculpas, então.

    Entendi isso

    “Que bom ter sua visita novamente aqui no blog e como sempre pronta para criticar. Que excelente. Seja bem vinda.”

    como ironia.

    Eu não sigo o blog de onde retirei os comentários. Peguei um texto aleatório sobre a marcha. Comentários como esses estão em todos os lugares, na boca de muita gente bacana, inclusive. Gente que tem até algum apreço por questões feministas.

    O blog é este: http://losstones.wordpress.com/2011/06/05/a-%E2%80%9Cmarcha-das-vadias%E2%80%9D-e-coisa-seria/

    E este post foi o único que li. São apenas 5 comentários.

    ResponderExcluir
  14. Por que saber qual é o blog é importante? Faz alguma diferença?

    (ó, reconheço que deveria ter feito a referência, tá?)

    ResponderExcluir